“Em seguida devolvi a pergunta, também querendo saber se Luísa
era feliz, e a resposta foi: “Não sei se estou feliz, mas não estou
infeliz. Aliás, acho que estou bem”. “Muito bem”, frisou. (...)
Felicidade para Luísa não tem nada a ver com a vida real. A felicidade
de Luísa está sempre associada a fragmentos de fantasia: uma música,
uma cena de filme, uma poesia, uma paixão romanesca, um encontro
com alguém como Raul, que comunga da mesma sede de ficção, do
mesmo gosto pela composição desses mosaicos de emoções breves e
inconsistentes. Felicidade para Luísa é tudo aquilo capaz de a projetar em
outra dimensão, uma dimensão em que ela possa se sentir uma
personagem diferente e acima dos outros mortais.”
(Maria Adelaide Amaral in: Luísa (Quase uma história de amor). Ed. Globo, p. 184)